quinta-feira, 27 de maio de 2010

Punhados de Sol e de Trevas




Tentou por vezes racionalizar, entender a falta daquele homem de compleições pequenas e sorriso torto. Incrivelmente, não era nenhum daqueles espécimes de tirar o fôlego, talvez nem mesmo interessante fosse. Na verdade possuía aquele sorriso estranhamente disforme, como se tivesse uma paralisia facial ou algo parecido. Era como se ao lado dela ele só conseguisse rir, mesmo que fosse aquele sorrir sem graça, mas profundamente verdadeiro. Não era bonito. Falava pouco, respirava descompassadamente, como se fosse dispnéico,o coração querendo saltar pela boca.          
Não era acostumada com pessoas ao seu redor. Na verdade, nunca fora boa com todas essas interações e relacionamentos humanos. Esquivava-se dos outros, levantava paredes imponentes e frias de mármore àqueles que tentassem se aproximar. Não era uma monstra, como ele, uma vez a havia chamado. Ela era medrosa, tendo receio de que a dor viesse outra vez. Toda aquela dor desavisada, em cólicas e interminável. Já não acreditava em um Deus, que olhasse o tempo todo e por todos. Nunca se sentira protegida, guardada. Por vezes ele quis protegê-la. Em uma daquelas ocasiões inexplicáveis onde quem não muito fala resolve abrir a boca, ele lhe havia dito ser seu punhado de Sol. Ela não entendeu, uma vez que em seu mundo só havia espaço para as trevas. “E isso é amor?”, perguntou ela, incrédula. Ele retrucou a incredulidade inflexível dela dizendo: “Não sei o que é amor, nem procuro definição pra isso. Você também não deve procurar. Tudo o que eu sei é que você é meu punhado de Sol.”
Ela mais uma vez não o entendia. Era irônico da parte dele intitulá-la dessa forma. Ela era amarga, diferente do que acreditava ser o Sol, ou um “punhado” dele. Não acreditava no amor. Fazia isso não por cálculo, mas por virtude. Pensava que se evitasse o sentimento, seria menos difícil sofrer ao ver a partida de alguém que sempre acabava indo e não mais voltando. Ela era de uma negatividade doentia, tão palpável que podia ser capturada no ar. Era pura e inexplicavelmente desacreditada, e por que era, acabava no seu íntimo, acreditando.
Queria, mais do que nunca, externar aquela dor visceral, aquela ausência que se fazia presente.  Desejava-o mais do que a si mesma, não porque o amasse, mas porque era ele quem lhetrazia todos os franzinos e frágeis resquícios de humanidade. Não o amava, tinha certeza.  Por um momento diante daquelas nuances de pôr-de-Sol ela sentiu pela primeira vez a falta que o amor dele fazia. À medida que a escuridão se aproximava, sentia-o mais distante. O coração esmagava-lhe a alma, a vista escurecia, a dignidade ia se esvaindo. A respiração ficava mais difícil, assim como a do homem do sorriso torto. Ele era seu punhado de trevas.

Isadora Calderaro Soares 

8 comentários:

  1. Sinto como se tu tivesse se auto-descrevendo
    nesse texto! XD


    PS: pleeeeeease...use some of EASY words....some of the i couldn't really know! rs

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  2. Não,não estou me auto-descrevendo. Foi uma idéia que surgiu, daí eu desenvolvi antes que ela se perdesse. :D

    uhauhuahuhau... I'll try.. XD

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  3. oicomo vai vc, tudu bm; pos espero ki sim lembra di mi, eu rafael brasilia legal àquele rapaz timido ki vc conheceu a uns 7 anos atras é pos é, é ele mesmo talvés vc ñ lembra ou ñ está endendendu nada. + ñ esqueci vc depois di tanto tempo_ eu nem mi lembra muito di vc,di vez emquandu minha mente tinha uns asaltos longicos, eu ñ conseguia entender oque estava acontecendu com a minha mente + na verdade ñ dadva pra esquecer alguem ki foi um dia tanto especial pra mim.eu cheguei varias vezes a pensar ki nunca mas ia ver vc sab nunca,mais novamente tive um desses asaltos em minha conturbada mente, lembrei di vc,eu comecei a pesquisar no orkut tentandu uma maneira + facil encontra vc, comecei apesquisar,comecei apesquisar até ki achei o seu orkut. vc ñ sab com alegrou o meu coração, i agora o seu blog. mi descupe si cv ñ gosta di tudu isso,por essa ivasão

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Estou grato pelo comentário e imensamente satisfeito com teu blog. Muito intenso o que escreves.
    Quanto a idéia de auto descrição da moça aí de cima, deixa tudo ainda mais meisterioso, mais forte. "Uma idéia que surgiu...", sei. Pode até ser, mas a sempre muito de nós mesmo no que escrevemos, em nossas "idéias".
    Maravilhoso texto. Escreva sempre. Quero lê-la.

    BJJ

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  6. Li novamente... Louco, muito!!!
    Uma poesia incrível. Ahh, tenho que concordar com a moça lá de cima. Nem te conheço tão bem assim, mas...
    Nem importa se realidade ou fantasia. Realmente linda a idéia, fico imaginando isso:"Desejava-o mais do que a si mesma, não porque o amasse, mas porque era ele quem lhetrazia todos os franzinos e frágeis resquícios de humanidade."
    Tenho uma cena na cabeça...

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. oi fala comigo estou ti esperandu-!!!!!!!

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